A Caixa de Chocolate

Quando eu tinha 15 anos, ou seja, em 2000 (há 10 anos atrás...) eu sofri um acidente atravessando a rua, na Pedroso de Moraes.
Fiquei um tempo internada no hospital e de presente de uma grade amiga da minha mão (a Sônia) que veio me visitar aqui em BA há duas semanas, ganhei uma caixa dessas de guardar chapéu, cheinha de chocolates variados. pão de mel recheado, chocolate branco, com crocante, sem crocante, de todos os tipos.
Foi um dos melhores presentes que eu recebi nesse período, e adoçou muito meus dias e os da minha família toda, incluindo meus irmãos, até o Marcos que não gosta de chocolate.
Depois que me recuperei, voltei pra casa, se foram as sequelas, os cuidados, e que esquecemos desse episódio. Mas a caixa de chocolates continuava la em casa. Não estava mais cheia, mas ainda tinha chocolates, e quando foi terminando minha mãe começou a comprar mais e rechear sempre, deixando a caixa sempre cheia.
A caixa começou a ficar famosa, as pessoas que chegavam na minha casa iam direto pra caixa, as crianças, os primos, os sobrinhos, todos já sabiam que na casa da Tia Denise, ou na casa da Mal, ou do Marquinhos, ou do Julinho, ou do Dalton tinham aquela caixa enorme, sempre cheia de guloseimas doces.
Os anos se passaram, a caixa que era verde limão hoje já é quase amarela, mas continua cheia de chocolates (incluindo a famosa sobra do ovo de páscoa anual).

Esse ano eu saí da casa dos meus pais. Vim morar sozinha, em outro país.
Pela primeira vez tive minha casa, minhas coisas, minha liberdade de escolher, de bagunçar, de arrumar, de limpar.
Amanhã, dia 26 de junho, fazem 4 meses que estou morando em Buenos Aires, e de repente me dei conta de que fiz uma caixa de chocolate na minha casa também. Bem mais simples, mas com guloseimas que sempre a recheiam, e que cumpre o mesmo papel da de São Paulo. Ou seja, quando as pessoas chegam aqui em casa vão direto pra caixa de chocolates.

Hoje percebi o significado do ditado: " filho de peixe, peixinho é"