Derepente eu comecei a trabalhar e derepente eu fiquei sozinha aqui (sem a Lara) e derepente eu comecei uma rotina.
Todos os dias eu acordo, abro os olhos, faço xixi, faço café, vou pro trabalho, olho pro computador. Todos os dias eu almoço no trabalho, e volto pro computador. Todos os dias as 19:00 eu saio do trabalho, todos os dias eu sinto frio a essa hora, por que de manhã faz sol e calor e a noite frio, todos os dias eu penso se pego um taxo para andar 20 quadras até minha casa ou se vou caminhando no frio, e todos os dias eu decido ir caminhando, mesmo sem querer, e todos os dias eu esquento no caminho, e chego em casa com os olhos ardendo do vento e as bochechas geladas, mas com calor da caminhada. Todos os dias eu faço alguma coisa tosca pra comer, por que não tem graça nenhuma cozinhar só pra mim, e todos os dias eu lavo minha louça. Todos os dias eu olho meus e-mails, entro no facebook, no meu blog, todos os dias eu falo com a minha mãe e penso na minha familia toda junta em SP, com saudades de mim, e eu aqui, com saudades deles.
Todos os dias eu falo com meus amigos argentinos e com meus amigos brasileiros, e com o Ricardo, meu companheiro de apartamento e amigo espanhol. Todos os dia eu trato de fazer algum programa na rua, na casa de alguém, num bar, pra preencher meu tempo que derepente é pouco e muito ao mesmo tempo. Derepente eu fico com medo de não estar aproveitando bem meu tempo aqui, por que nunca sei até quando ele vai durar.
Derepente eu me imagino em SP e fico perdida. Me sinto sem rumo, tenho medo de voltar e de não ser mais eu, e não ser mais aquela São Paulo.
E derepente me dou conta que não será nunca mais auqela São Paulo, e que eu nunca mais serei aquela Marina que saiu de lá.
Todos os dias eu penso sobre o meu futuro e sobre o que eu quero fazer amanhã e o que eu quero fazer no ano que vem. Todos os dias eu tenho mil idéias de futuro, faço quinze planos na minha cabeça, projeto muitas coisas, me projeto em muitas coisas, e no dia seguinte eu mudo todos.
Todos os dias eu sinto medo e insegurança mas olho pra tudo que já foi e sinto que eu posso muito ainda.
Então derepente me da confiança e vontade de insistir em mim e nesse meu momento, que não vai se repetir mais desse jeito.
Agora o que eu quero é continuar pensando todos os dias nos meus dias, e me deixar pensar todos os dias em todos os meus possíveis futuros, e ver aonde as oportunidades e os meus planos podem me levar. Ao invés de tentar fazer tudo planejado, toda uma história na minha cabeça, eu vou fazendo uma historinha a cada dia, e construindo cada dia uma parte, acrescentando detalhes, retirando outros.
Eu sabia que esse momento da rotina ia chegar, e da solidão, e eu anseei muito por ele. Não imaginava que ia ser tão dificl de novo, achando que o que eu passei por aqui já tinha sido suficiente, sabia que eu ia sofrer e que isso ia me fazer crescer. Mas as minha imaginação de novo viajou, e a realidade é muito maior do que os meus planos. E eu sei que no final das contas tudo terá sido muito positivo, e sei que serei uma pessoa mais feliz e mais tranquila, pra poder fazer mais projeções ainda, sem limite, e sem me podar.
Todos os dias eu penso: ainda bem que tive coragem e que estou fazendo tudo isso. E ainda bem que eu escrevo tudo auqi, por um dia eu vou ler como um diário, e se um dia eu me perder na imaginação de novo eu volto aqui e vejo que foi sempre assim, e que isso é que dá a graça das coisas.
ainda bem.
ResponderExcluirainda bem mesmo que vc fez tudo isso. ainda bem que vc tem tudo isso.
ainda bem que eu tenho vc. onde for, a hora que for, pra sempre.