A Teoria dos Hematomas

Um dia me contaram essa teoria, e eu acreditei tanto que desenvolvi ela na minha cabeça.
A história é a seguinte: quando eu entrei na Alcaçuz (empresa que eu trabalhava m SP) trombava muito com os móveis e as paredes. As paredes e as quinas das mesas sempre estavam no meu caminho, nunca me davam licença para passar. Assim que eu estava sempre cheia de roxos na coxa e nos braços, sempre na mesma região, então parecia até que eu tinha sofrido algum acidente, ou que alguém tinha me batido. Costumava ter 3 ou 4 hematomas grandes e feios ao mesmo tempo em cada região.
Depois de um ano de trabalho aproximadamente parei de me trombar tanto.
A teoria é justamente essa. Me bato muito nos móveis e paredes quando sinto que não caibo no lugar onde eu estou. Não me sinto pertencente ao lugar.

Quando entrei na PicNic (lugar onde estou trabalhando aqui) aconteceu a mesma coisa. Me golpeava demais, mas a altura das coisas era mais baixa então colecionei roxos nas canelas e nos joelhos. Mas foram tantos que um dia eu tinha 13 (!) hematomas negros e amarelos em uma única perna.
Agora eles estão começando a diminuir de quantidade. Mas a minha mais nova aquisição foi uma pancada na testa! Bem no meio da testa, encostado nas raízes do cabelo. Por sorte e por muito gelo não está roxo, mas está doendo demais!

Outra coisa que percebo sempre que me golpeio é o quanto uso aquela parte do corpo. Justamente essa área da testa é a área onde passo o dedo toda vez que vou arrumar a franja, ou seja, dói o dia todo.

Mas não me golpear na casa que eu estou morando aqui é um bom sinal. Significa que me sinto m casa. Me sinto pertencente a esse lugar. Se esse lugar é Buenos Aires, se é um apartamento meu ou se é o novo momento que estou vivendo ainda não descobri, mas já descobri que aqui não me golpeio em nada, a não ser no trabalho.

Essa é mais umas das poucas percepções que tive na vida que mudaram o meu rumo. Mudaram minha maneira de ser.
As outras foram quando eu percebi que não tinha que convencer os outros a pensarem igual a mim, e que eu podia lidar com pessoas pensando e vivendo de maneiras muito diferentes e mim, e que eu não precisava ser contra elas.
Outra foi ver como acreditar em mim mesma muda completamente a maneira que os outros me vêem. Me sentir confiante faz as pessoas me acharem mais interessante, mais bonita, mais legal. Atraí pessoas boas para perto de mim, e assim melhora cada vez mais a energia da minha vida.
E por último e mais recente foi a percepção do meu tempo, de que se apressar nem sempre me leva aonde eu quero, e de que saltar as etapas só me faz voltar nelas depois por que ficaram mal resolvidas.

Por falar em mal resolvida hoje estou num dia de começar a resolver os malresolvidos da minha vida.
Hoje choveu o dia inteiro, mas pra mim o sol apareceu.